A questão
Rio ou não rio
eis a questão
Ou seria Rio ou
Não-Rio?
Esse fajuto
faz-me-rir das propagandas
nunca me causou
graça
Esses rostos
virtuais...
Só insistem em
dizer que aquela
é a única maneira
de existir.
O resto não existe.
E o resto somos nós
Aqui, atrás desse “manto
da invisibilidade”
Atrás desses muros
transparentes
(só não vê quem não
quer)
Nós que, por mais
que estejamos por toda parte
sempre estaremos do
lado de fora
doa a quem doer.
E apenas nós
sentimos essa dor
esses golpes de exclusão
granadas de ideias mortas
que insistem em
veicular
por todos os meios
Mas os que se
escondem
debaixo dessas
luzes hipnóticas
sempre saem ilesos
porque sempre
mandam
seus lacaios na
frente
Aqueles, escravizados
pelo sonho de serem
visíveis
pelo menos uma vez
na vida
Porque esse olhar
de desprezo
fere como faca
Sentimos isso na
pele
(no Brasil tudo se
sente na pele)
Precisamos suturar
essa ferida
com um “penso, logo
existo”
e não um “ter ou
não-ter”.
Ser ou não-ser uma
cidade para todos,
eis a questão mais
árida.
Porque quando a dor
de ser invisível
se tornar
insuportável
Se ouvirá um grito
e tremerá toda a
Pedra da Gávea.
Marlos Drumond
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