terça-feira, julho 21, 2015

Bacantes, levantem-se!

Às bacantes

Levantem-se em todo mundo
Levantem-se irmãs
mães, filhas
mulheres

Levantem-se
deste sonho sem graça
que desenharam pra vocês
e tomem as ruas como um furacão

Não, não chorem mais
vaporizem essas lágrimas
com o fogo imortal
de suas entranhas

Só mesmo suas mãos poderosas
que tão bem protegem
seus filhos, seus queridos
podem mostrar a esses homens tirânicos
que sim, eles tem coração
quando os arranquem do peito

Assim as quero
titânicas
adoradas
e que nenhuma mão as toque
sem sua divina aprovação

Levantem-se queridas
que juntas vão formar
um exército invencível
o maior da história
que ainda se está por escrever.

terça-feira, maio 26, 2015

Dos invisíveis

A questão

Rio ou não rio
eis a questão
Ou seria Rio ou Não-Rio?

Esse fajuto faz-me-rir das propagandas
nunca me causou graça
Esses rostos virtuais...
Só insistem em dizer que aquela
é a única maneira de existir.

O resto não existe.
E o resto somos nós
Aqui, atrás desse “manto da invisibilidade”
Atrás desses muros transparentes
(só não vê quem não quer)
Nós que, por mais que estejamos por toda parte
sempre estaremos do lado de fora
doa a quem doer.

E apenas nós sentimos essa dor
esses golpes de exclusão
granadas de ideias mortas
que insistem em veicular
por todos os meios

Mas os que se escondem
debaixo dessas luzes hipnóticas
sempre saem ilesos
porque sempre mandam
seus lacaios na frente

Aqueles, escravizados
pelo sonho de serem visíveis
pelo menos uma vez na vida

Porque esse olhar de desprezo
fere como faca
Sentimos isso na pele
(no Brasil tudo se sente na pele)

Precisamos suturar essa ferida
com um “penso, logo existo”
e não um “ter ou não-ter”.
Ser ou não-ser uma cidade para todos,
eis a questão mais árida.
Porque quando a dor de ser invisível
se tornar insuportável
Se ouvirá um grito
e tremerá toda a Pedra da Gávea.



Marlos Drumond

sábado, dezembro 20, 2014

Ah, o imponderável...

Lampejo

Nada me fascina tanto
o quanto o vislumbre
do imponderável

Não dura nada
Só um lampejo
da visão dos deuses

E que não se explica
se é privilégio
ou maldição

saber que qualquer futuro
está aí, tão perto...
A um passo de distância


Destello

Nada me fascina más
que vislumbrar
lo imponderable

No dura nada
Solamente un destello
de la visión de los dioses

Y que no se explica 
si es privilegio
o maldición

saber que cualquier futuro
está ahí, tan cerca...
A un paso de distancia

Marlos Drumond

sexta-feira, outubro 10, 2014

Hasta siempre...

“…el revolucionario verdadero está guiado por grandes sentimientos de amor.”
Ernesto “Che” Guevara

Eternamente


Aquí estoy
con la mirada firme
concentrado en vos


Nada más existe
y mis manos atadas
a tu cuerpo
solo me dicen
que no hay a donde huir


Mis ojos
están vendados
por el negro perfume
de tus cabellos


En mi mente
solo los recuerdos
de nuestras noches
inolvidables


En mi rostro
la sonrisa del guerrillero
que no teme el pelotón armado
frente a él


Y me muero
y me muero…


con la certeza
incuestionable
de que es posible
vivir eternamente.




Marlos Drumond

segunda-feira, julho 14, 2014

Pacto

El pacto

Hoy, cuando las pesadas puertas de la noche
lentamente se abrieron
crujiendo de frío
y la luz del sol adentró el día
tan tímida y dulce
confieso que mi corazón
se ablandó con tamaña humildad

Pregunté a la Aurora
como puede la luz del sol
avergonzarse…

Ella me contestó
con sus mejillas coloradas
que no le importaba brillar a través de la bruma del invierno
o refulgir los días de primavera…

Me dijo que nadie la notaba
Que los poetas no le escribían más versos
que antes era más querida
más deseada, más amada
que hoy, el mundo no quiere más su belleza

Pensé…
La situación necesita un hecho
un pacto:
Vos, Aurora, vas a seguir brillando como siempre
y yo, humildemente
seré tu poeta
y aún a costa de mi sangre, de esta alma mía
voy hacer de todo
para que el mundo te note nuevamente

Ella, sonriendo, prometió hacer su parte
Yo, sinceramente…
Sólo espero poder
hacer la mía.



Marlos Drumond

terça-feira, abril 29, 2014

Está todo consumado?

¿Consumatum est?

Después
de haber probado todo
ser buen hijo, nieto, sobrino,
buen amigo, buen marido
¿Buen poeta? – Creo que
eso es pedir mucho
¿Buena persona?
¿Está bueno ser tan bueno?

¿Qué más tengo que probar?
¿A
quién más debo probarle algo?

Todos los días
le pruebo al mundo
que no le creo tanto,
que no creo para nada
en las ilusiones del sistema

Hoy, creer en el ser humano
es como creer en la meteorología

Y la vida te exige más vida
la gente te exige más fuerza
Ah, esta gente demandante...

Y el fuego en el corazón
también exige quemarse…
No hay fuego si no hay
qué quemar
al menos un poco de aire
se requiere

Suerte la mía…
Todavía él tiene bastante aliento.

Marlos Drumond

quarta-feira, abril 23, 2014

Des-mandamentos

Desmandamentos

Ama 
Como se não houvesse
O depois de amanhã.
O tempo ruge a altos brados.


Perdoa-te a ti mesmo
tua vida agradece


Não antecipa o sofrimento.
guarda-o para quando caíres
em ti mesmo.


Honra a ética do teu desejo
acima de todas as coisas
para que se prolonguem teus días na terra


Não tentes matar o tempo
antes toma-o como amigo
ele ganha qualquer batalha


Não cobiça tuas amizades
antes escolhe bem teus inimigos…
teus amigos verdadeiros
sempre vão te escolher


E quando mais tarde
toda a esperança se acabar
Quando tudo o mais te abandonar
deixa o teu coração queimar
até as cinzas.


Então...
Renasce.

Marlos Drumond